DEVANEIOS


DEVANEIOS

Lá estava ela, serena e feliz, andando por entre as flores que exalavam sons saborosos, seus dedos sem querer entraram em contato com uma pétala, e ela saiu, saiu voando em torno do vilarejo que rodopiava a seu ver, ficava mais tonta a cada segundo. O medo estava contido em cada batimento cardíaco que ocorria, seus olhos lacrimejavam de alegria e medo. Treze anos se passaram, continuava a segurar, estava mais alta do chão, olhava e contemplava tudo aquilo, a terra parecia um bolinha de gude, seus pés já estavam congelados.
Sua mão estava quente, estava mais próxima do sol. Seu sorriso refletia aquela luz, mas suas lágrimas absorviam tudo, eram transparentes, mas estavam funcionando como um buraco negro, nada escapava das lágrimas que escorriam. Um livro estava vindo, ela precisava soltar a flor, precisava soltar o mais rápido possível para se jogar em cima do livro, ele passou e ela não teve coragem, e mais anos passaram.
Ela estava em algum lugar, não sabia onde estava, descreveria o que estaria se passando se eu pudesse descrever, mas nenhum ser humano em sã consciência consegue entender. Aquela força que puxava-a ao mesmo tempo que a repulsava, algo contraditório, algo impossível. Ela já soltara a flor, não sabia onde estava, não via mais nada, mas sabia que estava com os olhos abertos.
Finalmente o sol começou a brilhar, ela começou a descer, as pétalas voaram com o vento, o pólen foi até a outra flor e a menina estava finalmente no chão.

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