Luto no morro do Salgueiro



Ela dança no meio da rua alegremente, com um sorriso enorme estampado no rosto, nem parece que ele se foi. Por que está dançando? Perguntam. Não está triste?
-Não estou triste, um pedaço do samba se foi, mas ele continua aqui!
-Que conversa é essa menina?
-Ele se foi! Mas não foi!
-Não ti entendo menina! Vou dormir.
A menina continua dançando no meio da rua, faz várias voltas relembrado o que ele fizera o que ele inovou na música brasileira, olha para as estrelas no céu e começa a cantarolar.
-Dona Celestina me da água pra beber
Se você não me der água vou falar mal de você

Deu meia noite, o galo já cantou
Na igreja bate o sino é na dança do jogo que eu vou.


Canta alegremente, Ô coisinha tão bonitinha do pai, ô coisinha tão bonitinha do pai... E em meio ao mar de lágrimas que se formam à sua frente sorrisos provocados por lembranças são espalhados, alegria de relembrar, tristeza de se despedir, despedida horrível, como pode, é triste mais a vida é assim, a única certeza que temos é a morte, então só nos resta esperar, não! Não nos resta só esperar, podemos mudar, mudar o mundo, assim como ele mudou, assim como ele ajudou, o que somos se não ajudar?
Nasceu lá no Rio, lá no morro do Salgueiro, em 70 já era mestre de bateria, mudou para são Paulo, inovou o samba com banjo, gravou, cantou compôs, se foi, mas deixou!
Um pedaço do samba se foi, um pedaço da alegria se foi, resta agora relembrar a alegria que despertou, Almir Guineto, Descanse em Paz.

Autor: Napoleão Junior


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